O desejo de se tornar professor surgiu, segundo ele mesmo, depois de um desvio de percurso e de algumas atribulações no decorrer de sua vida. A separação dos pais – que mal sabiam escrever os nomes - e a necessidade de iniciar uma carreira profissional fez com que o jovem Fábio da Silva decidisse ingressar na educação.A primeira escola a abrir as portas para ele enquanto educador foi uma daquelas que ninguém gostaria de trabalhar, em um bairro periférico de Guarulhos, um dos maiores desafios de sua vida. De lá, e depois de passar por outras unidades de ensino, resolveu buscar aulas na cidade de Jacareí onde trabalhou na escola agrícola e em Guararema. Depois disso, surgiu o convite para participar da implantação da Escola Técnica de Caraguatatuba – Etec, onde permanece até hoje como diretor responsável pela unidade que vem colhendo bons frutos. Imprensa Livre - Como você decidiu ser professor?Fábio da Silva - Meus pais eram nordestinos e saíram de lá para morarem em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Meu pai era caminhoneiro e também o meu ídolo, por isso, sempre pensei em seguir os passos dele e viajar pelas estradas do Brasil. Em um determinado momento de nossas vidas, meus pais decidiram voltar para o Nordeste com toda a família – eu e mais três irmãos. Lá vivemos sete anos e por uma infelicidade meus pais se separaram. Minha mãe voltou sozinha com os filhos para São Paulo e dali tivemos de nos virar para ajuda-la a sustentar a casa. O primeiro a decidir seguir na carreira dos estudos foi o meu irmão mais velho, hoje professor de Matemática. Em um determinado momento, fui ser auxiliar de cozinha em um restaurante e foi então que tomei a decisão de fazer faculdade.Prestei vestibular para biologia e entrei na Universidade de Guarulhos.IL - Era um desejo desde pequeno?FS - Se eu disser que este era o meu sonho de menino estarei mentindo. Nunca imaginei estar dentro de uma sala de aula. Como eu disse anteriormente tinha no meu pai um grande ídolo e quando criança sonhava em ser caminhoneiro como ele.IL - Na sua avaliação como estão os desafios da carreira e onde ficam as principais dificuldades e gargalos?FS - Um dos grandes desafios é a falta de profissionais da educação no Litoral Norte, assim como em outras regiões, e os conflitos de relacionamentos no dia a dia. Acredito que estes são alguns dos motivos para se não atrair novos profissionais para a área. Isso gera um déficit e um “apagão humano” de pessoas como um todo.IL- Como é trabalhar com um público mais adulto e interessado em aprender um ofício?FS - O ensino técnico tem as suas peculiaridades em relação aos outros tipos de ensino. Uma delas é que o modo como a escola irá tratar este aluno deve necessariamente ser profissional, para que ele aprenda algumas normas de condutas do mercado de trabalho, facilitando a sua adaptação ao mundo do trabalho técnico, perfil necessário e exigido pelas empresas em geral. “Profissional capacitado e em sintonia com o mundo corporativo em suas atitudes”.IL - Desde quando você mora em Caraguá?FS - Passei a morar em Caraguatatuba a partir de 2009 quando vim para coordenar a implantação da Unidade de Ensino.IL - Como você recebeu o convite e como foi chegar aqui?FS - Para Atuar no Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza do Governo do Estado de São Paulo foi necessário prestar concurso público. Minha U.E sede é a Escola Agrícola de Jacareí. A partir daí, como em todos os casos inicia-se um processo natural de crescimento profissional como em qualquer empresa. No inicio fui convidado a ser coordenador do Curso de Ensino Médio, posteriormente veio o convite para coordenar a cooperativa escola e na sequência coordenei o curso técnico em Meio Ambiente, e a partir desta prática foi só questão de tempo. Em 2009 fui convidado, com base em meu currículo acadêmico e profissional, a vir até o Litoral Norte (Caraguatatuba) implantar a Etec de Caraguá, atendendo a região com cursos técnicos em contabilidade, logística, informática para internet, técnico em cozinha e ensino médio.IL - Quais foram os primeiros desafios? Você colaborou na implantação da Etec?FS - Fiquei responsável por coordenar a implantação da Etec de Caraguatatuba, sob a orientação da Supervisora Educacional Maria Thereza Ferreira Cyrino e o do atual Assessor Técnico do GDS - Professor Aguinaldo Garcez. Iniciamos como classe descentralizada da Etec Cônego José Bento – de Jacareí. Passado o primeiro ano de implantação acompanhado do apoio e desenvolvimento do município, a U.E. “rompeu o cordão umbilical” e tornou de fato e direito a Etec de Caraguatatuba. Não existiu dificuldade, pois encontramos aqui todo o apoio necessário a fim de garantir o melhor desenvolvimento educacional possível, graças à dedicação de todos os funcionários, professores e alunos.IL - Quando você chegou a Caraguá, como estava a relação do ensino técnico na Cidade?FS - Caraguatatuba já vinha desenvolvendo uma história de sucesso com o Ensino Profissional, visto que já existiam outras instituições de Educação Técnica e Pública no município de forma muito séria e produtiva. Ou seja, até aqui foi também uma questão de tempo para o município ampliar a oferta de cursos técnicos em várias áreas profissionais, e saldamos aqui o excelente trabalho desenvolvido com a educação em todas as modalidades no município.IL - Como está o mercado de trabalho hoje em dia? É verdade todas estas notícias de que só vem crescendo e melhorando?FS - O mercado de trabalho está aquecido e o desenvolvimento é notável em nosso município.IL - Quais as áreas mais promissoras, na sua avaliação?FS - A área ambiental é uma área de suma importância para a região e para as futuras gerações, e nossa cidade está inserida em uma área que contém uma diversidade de fauna e flora grandiosa. Não podemos deixar passar despercebidas as áreas de gestão de negócios, administração, hospitalidade, monitoramento e Jogos Olímpicos, terceiro setor e outros.IL - O que ainda falta no aprimoramento do Ensino Técnico?FS - Não acredito que falte algo, pois nossa U.E,. em vista de todos os pontos positivos, apresenta a consolidação de todo o esperado, com ensino democrático e de qualidade.IL - Você acredita ser ele o caminho para as pessoas que não têm condições de fazer uma faculdade?FS - Eu acredito que sim, pois como é acessível para todas as pessoas é o caminho mais rápido para a inserção no mercado de trabalho e posterior continuidade na formação superior.Site: Etec Caraguatatuba - http://www.eteccaragua.com.br/
Fonte: Jornal Imprensa Livre
ACESSE: http://www.caraguaonline.com/
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