sábado, 11 de fevereiro de 2012

Nº de casos de dengue em janeiro cresce 58%



Capital fluminense acumula mais de 50% das notificações no Estado; há risco de epidemiaO número de casos de dengue notificados na cidade do Rio de Janeiro até 4 de fevereiro é 58% maior que o registrado no mesmo período de 2011. Neste ano houve 2.625 notificações e em 2011, 1.658. Os números correspondem a mais da metade dos casos do Estado – são 4.681. A dengue 4 já foi identificado em mais um município. Além de Rio e Niterói, o subtipo foi isolado em amostras colhidas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.“Os dados corroboram a expectativa de que essa pode ser uma epidemia ainda maior que as de 2002 e 2008”, afirmou o superintendente em Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Márcio Garcia. Ainda não houve mortes.A expectativa da nova epidemia tem levado os órgãos públicos a tomar medidas para minimizar o efeito da explosão de casos – nem todas são aprovadas por especialistas. Um exemplo foi a distribuição de 40 carros de fumacê pelo governo estadual para municípios do interior.“As ações de combate à dengue têm sido repetidas nos últimos 25 anos. O foco é sempre a formaaladadomosquitoeas larvas. Mas o Aedesaegypti é domiciliar e as pessoas fecham as janelas quando o fumacê passa”, afirmou o professor do departamento de virologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maulori Cabral, coordenador do Disque Dengue. “O agente também coloca veneno nos potes com água. Mas a larva vira pupa e a pupa não vai ingerir o veneno.”Cabral vê com bons olhos o repasse de verba anunciado em janeiro pelo governo federal para 1.159 cidades com projetos de combate à doença. Também elogiou a campanha Dez Minutos contra a Dengue, que incentiva o engajamento da população. “A ideia é brilhante. É preciso ter uma mudança de atitude.”Casa abandonada. Ontem, a prefeitura entrou compulsoriamente no 25.º imóvel abandonado. O ingresso dos agentes municipais é permitido desde o ano passado por um decreto do prefeito Eduardo Paes(PMDB),desde que o proprietário seja notificado. Em 80% dos casos, os donos procuraram a prefeitura para evitar a entrada compulsória.O prefeito anunciou, na semana passada, que negociaria com hospitais particulares para que as unidades ofereçam melhor tratamento de dengue.O clínico-geral Luiz Fernando Correia, chefe da emergência do Hospital Samaritano, disse que o treinamento de médicos da rede particular começou em 2011. “Os profissionais foram treinados para aplicar o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. O segredo é ter na rede privada o mesmo tipo de abordagem, com diagnóstico rápido e hidratação, que a rede pública.” PARA ENTENDERO subtipo 4 do vírus da dengue voltou a aparecer no Brasil em 2010, após ficar 28 anos sem registros. Ele causa os mesmos sintomas provocados pelos subtipos 1, 2 e 3 do vírus, como febre, moleza, cansaço e dores no corpo, entre outros.O risco de ele estar em circulação, segundo especialistas, é que a população brasileira ainda não tem imunidade contra esse sorotipo do vírus e, por isso, há risco de epidemias caso ele se disperse. O vírus tipo 4 não é mais agressivo que os demais. O problema é que, caso existam infecções sequenciais por diferentes subtipos, os casos podem se tornar mais graves. Não há um tratamento específico. As medidas terapêuticas visam à manutenção do estado geral. Os médicos alertam que não devem ser usados derivados do ácido acetilsalicílico para a dor e a febre.

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